sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Ferrugem da soja e calendário de plantio/colheita foram debatidos em seminário

Guarapuava sediou na quinta-feira, (17/09/15), no anfiteatro do Sindicato Rural, um dos seminários que levaram, para seis regiões do Paraná, um alerta sobre os riscos da ferrugem asiática na soja. Promovidos por várias instituições, como Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Soja, Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), os encontros, realizados neste mês, levantaram temas importantes para os produtores: das pesquisas da Embrapa sobre a ferrugem ao aumento de resistência no fungo causador da doença, passando ainda pela importância do vazio sanitário e o risco de que, no Paraná, os grãos e as plantas que sobram da safrinha de soja, na lavoura, possam propagar ou manter a ferrugem no campo.  Participaram produtores rurais, estudantes e representantes de empresas e cooperativas do setor. Na primeira parte do evento, tiveram lugar duas palestras. A pesquisadora Claudine Seichas, da área de fitopatologia da Embrapa-Soja (Londrina), resumiu um histórico da ferrugem da soja no Brasil e a pesquisa que a instituição desenvolve, ressaltando que os estudos mostram seleção da característica de resistência no fungo da ferrugem. A pesquisadora aponta a necessidade de uma correta utilização das moléculas para que se possa manter a sua eficácia: “Temos percebido que produtos utilizados para o controle (da ferrugem) estão com sua eficiência reduzida. Alguns, mais recentes no mercado, podem ter sua eficiência ameaçada se nós não utilizarmos da maneira adequada”. Claudine chamou a atenção para o risco da produção de soja sobre soja: “Se utilizarmos os produtos intensivamente, cultivando soja sobre soja, aumentando o número de aplicações, com certeza a cultura está em risco”.  Na segunda palestra, a engenheira agrônoma Antoniele Serpa, da regional da ADAPAR em Guarapuava, apontou a importância do vazio sanitário da soja no Estado, que ocorre de 15 de junho a 15 de setembro. Ela apresentou também a proposta da ADAPAR para a calendarização do plantio e da colheita de soja no Paraná. O plantio deverá ser feito de 16 de setembro a 31 de dezembro de 2015. A colheita será regionalizada, sendo que as datas limites são 30 de abril para regiões Oeste, Centro Ocidental, Noroeste, Norte Central e Norte Pioneiro e 15 de maio para regiões Sudoeste, Centro-Sul (Guarapuava e região), Sudeste, Centro Oriental e Metropolitana de Curitiba. A proposta está alicerçada ao zooneamento agrícola estabelecido pelo MAPA, que diz que, no Paraná, o plantio da soja deve ocorrer entre 21 de setembro e 31 de dezembro.  "A proposta foi apresentada e discutida nos seminários ocorridos em todo o Estado e não houve objeções em Guarapuava com relação à calendarização. Agora serão discutidos os trâmites para normatização das propostas", explica Antoniele.  Na segunda parte do seminário, épocas de plantio para a soja e a questão da soja safrinha foram alguns dos pontos debatidos entre o público e os participantes de uma mesa redonda, com a presença das duas palestrantes, além do engenheiro agrônomo e fiscal de Defesa Agropecuária da ADAPAR (Gerência de Defesa Vegetal), Marcílio Martins Araújo; o assessor técnico-econômico da FAEP, Nilson Hanque Camargo; e o agrônomo da Gerência Técnico-Econômica da OCEPAR, Silvio Krinski.  Nilson Hanque Camargo (FAEP) destacou, após o evento, em entrevista, a importância de debater os riscos da ferrugem da soja em encontros regionais. “São seis seminários, que culminaram neste de hoje. O propósito é levar ao produtor a preocupação das entidades com o problema e ouvir deles outras sugestões. Sem dúvida, é um problema sério, ao qual deve ser dado o tratamento adequado, conforme a urgência exige”.  Silvio Krinski (OCEPAR) considerou que os seminários foram oportunidade para que os vários setores ligados à agricultura pudessem discutir em conjunto a ferrugem da soja, as legislações para proteger aquela cultura e as sugestões dos produtores rurais. Ele observou que a soja está em risco. “Temos visto, através de estudos e pesquisas, que o controle da ferrugem da soja está cada vez mais difícil. A cultura da soja é principal produção de grãos do país. Só essa cultura responde por 45% de toda a produção de grãos. E a soja é usada tanto na alimentação humana quanto na animal”, acrescentou. Marcílio Martins Araújo (ADAPAR) disse que, nos seminários, o objetivo foi o debate com produtores. “Estamos apresentando uma proposta de minuta de legislação, para a gente tomar ações e evitar o cultivo da soja safrinha”, explicou.  Ainda de acordo com ele, as entidades que organizaram os seminários deverão agora analisar todas as ideias e sugestões surgidas durante os encontros. Os seminários foram realizados também em Maringá, Pato Branco, Cascavel, Londrina e Castro.